Delcídio propôs a Cerveró fuga pelo Paraguai com jato Falcon 50


Mônica Bergamo, Folha de S. Paulo
O senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso nesta quarta-feira (25), como antecipou a Folha, por tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, tentou convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a fugir do país.
O parlamentar queria evitar que o ex-executivo fizesse delação premiada, dando detalhes à Justiça do envolvimento dele em irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
Delcídio procurou Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, que estava preso, para fazer a proposta. Ele estava acompanhado do advogado do ex-executivo, Edson Ribeiro, que também foi preso nesta quarta. O banqueiro Andre Esteves –que também preso–, do BTG/Pactual, estaria a par das negociações.
O senador e o advogado expuseram na reunião com Bernardo a ideia da fuga.
Cerveró iria de avião até o Paraguai. De lá, embarcaria para Madri, na Espanha. Como tem cidadania espanhola, ele não teria dificuldade de entrar no país e lá estabelecer residência.
A dupla até sugere o avião que deveria ser usado no percurso: um Falcon 50, que não precisaria pousar para reabastecer.
O senador cita, na conversa, o nome de ministros do STF que, segundo ele, estariam dispostos a votar pela soltura dos investigados da Lava Jato que estavam presos em Curitiba. A conversa foi gravada por Bernardo e entregue ao Ministério Público Federal.
A menção aos nomes de magistrados irritou os integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal), que nesta terça (24) decidiram autorizar a prisão do parlamentar.
Delcídio e o banqueiro Esteves teriam tido também acesso à pré-proposta de delação premiada que Cerveró já estava negociando com promotores e a polícia. Uma investigação deve ser aberta para que se descubra quem repassou os documentos indevidamente a eles.