PONTO DE VISTA II

Com Alessandro, as contas de Péricles irão para votação do Plenário

Publicado quinta-feira, 01 de abril de 2010 - Gonçalves de Castro

O vereador Sebastião Mainardes Júnior tanto fez para postergar o encaminhamento das contas rejeitadas do ex-prefeito e deputado Péricles de Holleben Mello, que conseguiu se licenciar da presidência da Câmara Municipal sem o incômodo do cumprimento de um amargo dever. Entretanto, deixou para trás a marca da omissão, o que contribui para desfazer biografia, mormente, na vida pública.

Se as contas de 2001 e 2003 do ex-prefeito Péricles de Holleben Mello foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas, depois de idas e vindas de defesa do ex-prefeito, e tiveram a confirmação da rejeição no parecer técnico da Comissão de Orçamento, Finanças e Fiscalização da própria Câmara Municipal, na figura do vereador Edilson Fogaça de Almeida, parece evidente que essas contas apresentam irregularidades sérias. E, na administração pública, irregularidades sérias podem significar improbidade administrativa, que vem a ser uma forma clássica de se denominar prática de corrupção.

Logo, o vereador Sebastião Mainardes Júnior procurou se eximir da responsabilidade de dar seguimento ao processo do julgamento final das contas do ex-prefeito. Mais, um dia antes de se licenciar, ainda enviou um expediente ao Tribunal de Contas, fazendo uma curiosa indagação sobre eventual artifício de uma postergação da decisão final, com o que, de alguma forma, teria prestado um estranho favor político ao ex-prefeito. Mainardes Júnior teria ganho muito mais, primeiro, se não tivesse sido presidente da Câmara e, depois, se tivesse se licenciado no dia 1° de janeiro de 2010. Nos dois casos, não teria tido necessidade de manchar sua biografia com omissão e com uma ação pouco conseqüente.

Sem nenhum tipo de amarra política, o vereador Alessandro Lozza de Moraes, que passa a responder pela presidência da Câmara Municipal a partir deste dia 1° de abril, deverá dar sequência a tramitação natural das referidas contas, de modo que o Plenário da Casa, com base nos pareceres do Tribunal de Contas e da Comissão de Orçamento e Fiscalização, decida, pelo voto, o destino que deve ser dado a tais questões.

As pessoas gostam de criticar as malfeitorias dos outros, feitas à distância. Quando essas malfeitorias são do vizinho, sem distância, portanto, chegam a fingir que não viram e nem querem saber do que se trata. É onde se concentra o princípio da indiferença e da conivência da sociedade. No dia que em que cada comunidade combater, com firmeza e determinação, a corrupção em seu próprio meio, será possível prevenir escândalos como o da Assembleia Legislativa, do Senado da República, da Câmara dos Deputados e do famoso Mensalão.

Se não existissem irregularidades graves, com certeza, as contas não teriam sido rejeitadas. Que os méritos do cumprimento do dever, agora, pertençam, portanto, ao vereador Alessandro Lozza de Moraes.

Artigo disponível em www.adailingles.com.br

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