DIÁRIOS SECRETOS

MPE denuncia nove por contratação de “fantasmas”

Ex-diretores e servidor são acusados de desviar R$ 13 milhões; filha de funcionário está na folha desde os sete anos de idade

O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou nove pessoas acusadas de envolvimento no esquema de contratação de funcionários “fantasmas” e desvios de dinheiro da Assembleia Legislativa. A denúncia envolve a contratação de parentes do auxiliar administrativo João Leal de Matos, lotado na Diretoria Geral, que teria gerado prejuízo, em valores não atualizados, de mais de R$ 13 milhões. Matos e os ex-diretores da Assembleia, Abib Miguel (Diretoria Geral), José Ary Nassiff (Diretoria Administrativa) e Cláudio Marques da Silva (Diretoria de Pessoal) – presos desde o último dia 24 - foram denunciados por formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

Abib e Leal de Matos foram acusados por 1182 crimes de peculato - referentes ao número de vezes que houve desvio dos cofres públicos a pretexto de pagamento a cada um dos familiares do núcleo Leal. Se condenados, os três ex-diretores da AL e João Leal Matos podem pegar penas que variam de 42 anos e dez meses a 297 anos e seis meses de prisão.

A denúncia, assinada pelos promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), aponta contratações irregulares feitas a partir de 1994, como o caso de Priscila da Silva Matos Peixoto, filha de João Leal de Matos. Em depoimento ao Gaeco ela afirmou ter trabalhado na Assembleia de 2007 a 2009. Segundo o MP, seu nome consta na lista de pagamentos desde 1994, quando ela tinha apenas 7 anos de idade.

Ainda segundo a investigação, Iara Rosane da Silva Matos, esposa de Matos, era contratada da Assembleia, mas, por vários anos, teria trabalhado na casa de Abib Miguel, cuidando de familiares doentes e idosos. Ela afirmou aos promotores de Justiça que recebia de “Bibinho” cerca de R$ 4 mil por mês, em espécie. Na folha de pagamento da Assembleia, no entanto, consta que em sua conta foram feitos depósitos de até 24,6 mil.

De acordo com o MP, Maria José da Silva, Nair Teresinha da Silva Schibicheski e José Ricardo da Silva, sogra e cunhados de Matos, teriam recebido cerca R$ 150,00 mensais como pagamento por terem, conscientemente, cedido seus documentos para que constassem na lista de servidores da Assembleia. José Ricardo da Silva, que participaria do mesmo esquema, segundo Maria José e Nair, não foi localizado para prestar esclarecimentos ao Ministério Público.

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