34 milhões de pessoas vivem sem rede de esgoto no País

A rede de saneamento básico no Brasil teve um avanço tímido em oito anos, entre 2000 e 2008. A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, em 2008, 34,8 milhões de pessoas, ou 18% da população, viviam em cidades sem nenhum tipo de rede coletora de esgoto. Como a expansão da rede não acompanhou o crescimento da população, em oito anos aumentou o número de pessoas vivendo em cidades sem rede. Em 2000 eram 34,7 milhões, 100 mil pessoas a mais sem esgoto.

A proporção de domicílios com acesso à rede geral subiu de 33,5% para 44%, aumento de 31,3%. Em 2008, apenas quatro em cada dez domicílios brasileiros eram beneficiados. O crescimento de municípios com rede coletora foi ínfimo: passou de 52,2% para 55,2%, o que significa um aumento de apenas 194 localidades. Os dados de tratamento do esgoto são ainda mais preocupantes: pouco mais de um quarto das cidades (28,5%) tratam o esgoto coletado.

A PNSB é baseada em levantamento feito nas prefeituras, em órgãos públicos e privados responsáveis por serviços de saneamento e em associações comunitárias de todos os municípios brasileiros. Baseia-se, portanto, em dados oficiais dos governos municipais e não na resposta da população, como acontece com o Censo e as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs)

PIORES - O retrato do saneamento básico no País pode ser ainda mais preocupante do que revelam os números. Na metodologia adotada, o IBGE considera que o município tem rede coletora de esgoto quando pelo menos um distrito é atendido. Nem a extensão nem a qualidade da rede são incluídas nessa conta. Ou seja, mais brasileiros podem estar à margem dessas estatísticas.

A extensão das mazelas provocadas pela falta de saneamento é grande. A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que cada R$ 1 gasto em saneamento gera uma economia de R$ 4 em despesas com saúde. O próprio IBGE reconhece no texto da pesquisa que "o saneamento básico é fundamental em termos de qualidade de vida, pois sua ausência acarreta poluição dos recursos hídricos, trazendo prejuízo à saúde da população, principalmente o aumento da mortalidade infantil".

Além de ter avançado pouco, o saneamento básico no País é distribuído de maneira desigual entre as regiões e é deficiente especialmente no Nordeste e no Norte. Dos 34,8 milhões de brasileiros que vivem em municípios sem rede coletora, 15,3 milhões (44%) são nordestinos.

O País tem hoje 32,2 milhões de casas sem acesso à rede. Apenas Distrito Federal (86,3%), São Paulo (82,1%) e Minas Gerais (68,9%) têm mais da metade dos domicílios atendidos por rede geral de esgoto. Rio de Janeiro, com 49,2%, e Paraná, com 46,3%, ficaram acima da média nacional (44%). Os outros Estados apresentaram menos de 35% de cobertura.

A pior situação está em Rondônia, com apenas 1,6% dos domicílios No Nordeste, os piores são Piauí (4,9%), Maranhão (7,6%) e Alagoas (9,6%). O maior avanço em quantidade de domicílios atendidos nesses oito anos foi na região Norte (89,9%) e no Sudeste (69,8%).

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