Maldição da Casa Civil assombra o PT

A Casa Civil acumulou ocorrências sombrias durante os três mandatos petistas. Na cadeira "amaldiçoada" do ministério, já sentaram pessoas como José Dirceu, Dilma Rousseff, Erenice Guerra e Antonio Palocci. Dirceu e Erenice foram dispensados da pasta sob suspeita de corrupção. Dilma, que um dia já esteve lá, também já passou por momentos difíceis, como quando foi noticiado que um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso havia sido elaborado, em 2008, pelo ministério do qual era chefe.

Nesta terça-feira, Antonio Palocci, pressionado, se viu diante de cobranças, mas já havia afirmado que não abdicaria da posição de negar informações de seu interesse privado e estendê-las para a esfera pública. Ele pediu apenas "boa fé" para que seus negócios envolvendo sua cons
ultoria e evolução do patrimônio não fossem divulgados. Palocci pediu demissão pela segunda vez. No governo Lula, em 2006, ele caiu após a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo da Costa.

Em 2004, o primeiro escândalo que abateu a Casa Civil foi o chamado "caso Waldomiro Diniz". Companheiro de confiança do então ministro José Dirceu, Waldomiro mantinha relações escusas com bicheiros: ele negociava favorecimento em concorrências em troca de propinas e contribuições para campanhas eleitorais. Dirceu conseguiu manter-se no cargo, mas não resistiu ao caso do mensalão. Em 2005, o deputado Roberto Jefferson denunciou, na CPI dos Correios, o esquema. Por apoio político no parlamento, o governo pagava mesadas com dinheiro de estatais. José Dirceu é acusado de "chefe de quadrilha" no processo que ainda vai ser julgado no Supremo Tribunal Federal.

Após Dirceu, Dilma assumiu o posto e conseguiu ficar no cargo até 2010, quando foi alçada à candidatura para a Presidência da República pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A permanência à frente do ministério, além do dossiê contra FH, teve outro sobressalto: o escândalo Lina Vieira. Ex-secretária da Receita Federal, Lina disse, em 2009, ter sido pressionada por Dilma para arquivar investigação contra o filho de José Sarney.

Blindada por Lula, Dilma prosseguiu o plano traçado pelo ex-presidente: chegar ao posto mais importante do país. Isso, no entanto, sem antes ver, durante as eleições do ano passado, o seu braço direito na Casa Civil assumir o ministério "amaldiçoado" e sofrer acusações de tráfico de influência. Reportagem de "Veja" mostrou em setembro de 2010 que o filho dela, Israel Guerra, praticava lobby no ministério, cobrando de empresários "taxa de sucesso" para colocá-los em contato com integrantes do governo. As informações são do jornal O Globo.

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