Um erro histórico para a nossa UEPG!
A Universidade Estadual de Ponta Grossa tem 52 anos de história pautada estritamente em sua credibilidade acadêmica. A sua essência existencial é a transmissão do saber.
Isto fez da UEPG a instituição de maior credibilidade entre a população da cidade de Ponta Grossa e do Paraná.
Hoje, fiquei profundamente triste, como cidadão pontagrossense, e profundamente decepcionado como vereador e como servidor público da instituição. Isto porque hoje se transferiu para a UEPG e para sua fundação a administração e responsabilidade do caos da saúde pública na cidade de Ponta Grossa.
Sim, pasmem, pontagrossenses! Hoje, a UEPG assumiu a administração e responsabilidade pelo caos no Pronto Socorro Municipal e no Hospital Infantil e já havia assumido a administração dos CAS de nossa cidade.
O cenário é o seguinte: o Executivo reconheceu que não consegue administrar e tocar a saúde de Ponta Grossa. Já havia terceirizado com OSCIP que está com dívidas milionárias junto ao INSS e Receita Federal, que teve centenas de ações trabalhistas.
Hoje, a UEPG assumiu um hospital municipal que sequer tem alvará de funcionamento e liberação da vigilância sanitária. A UEPG assumiu hospitais sem UTIs em funcionamento, sem médicos, sem enfermeiros, sem ambulâncias, sem pessoal administrativo e técnico.
O caos impera na saúde pública da cidade de Ponta Grossa, assim como em milhares de cidades brasileiras. Tudo isto não é novidade. No entanto, foi hoje pelo legislativo municipal transferida a responsabilidade legal e moral à UEPG, obviamente com a anuência dos atuais administradores da UEPG.
A Universidade Estadual de Ponta Grossa já tem suas próprias mazelas. São mais de dois mil professores e funcionários com 10 anos sem reajuste salarial. Alunos sem aulas por falta de professores. Salas de aulas sem condição de ensino e outros problemas inerentes à falta de políticas públicas de ensino superior que reinam em nosso país.
Este fato da transferência do caos da saúde para a UEPG me deixou triste como cidadão. Como vereador, fiquei mais triste ainda ao ver a insensibilidade dos nobres pares da Câmara Municipal de, no afogadilho, aprovarem esta transferência de responsabilidade legal e moral do caos da saúde em Ponta Grossa à nossa querida UEPG, exceto os vereadores Paschoal Adura e Enoc que votaram contra.
Não se pensou nos 52 anos de história da UEPG. Não se respeitou a UEPG e sua fundação, não se respeitou o fato de, nesse convênio firmado entre o município e a UEPG, esta ser utilizada meramente como ferramenta para burlar o Tribunal de Conta da União e o Tribunal de Contas do Estado do Paraná. Sim, burlar, pois a fundação da UEPG foi contratada sem licitação para poder contratar sem licitação médicos, enfermeiros e funcionários administrativos sem concurso público e sem respeitar o teto salarial .
E fiquei hoje triste como servidor público da UEPG, onde sou professor desde 1997 e tenho vínculo como acadêmico de graduação e mestrado desde 1990. Triste por não entender o porquê se jogou a UEPG e sua fundação nesta aventura inoportuna e inconsequente em que nada contribuirá à Universidade Estadual de Ponta Grossa dentro de sua essência, que é a transmissão do saber.
As dezenas de mortes que ocorrem em Ponta Grossa no Hospital Municipal, Hospital Infantil CAS, a partir da próxima segunda-feira, serão também de co-responsabilidade legal e moral da nossa UEPG e de sua fundação.
A falta de médico, a falta de enfermeiros, a falta de especialistas, a falta de medicamentos, a falta de UTI, a falta de respeito com a população da cidade de Ponta Grossa que usa a saúde pública será também de co-responsabilidade da UEPG e sua fundação.
Daí este ter sido um erro histórico da administração da nossa querida e amada UEPG.
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