Promotor contesta versão de Lula de que não tinha triplex em Guarujá
O promotor de Justiça José Carlos Blat, do Ministério
Público Estadual de São Paulo, afirmou em entrevista na edição desta
quinta-feira (28) do Jornal Nacional que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva era proprietário de um apartamento triplex no edifício Solaris, em
Guarujá.
Tanto o Ministério Público paulista quanto o Ministério
Público Federal apuram se Lula ocultou esse imóvel de seu patrimônio. A defesa
do ex-presidente argumenta que ele nunca foi dono do apartamento, mas somente
proprietário de cotas de um projeto da Bancoop,
cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo. A cooperativa se
tornou insolvente e transferiu imóveis inacabados para a construtora OAS, investigada
na Lava Jato.
"O ex-presidente Lula tinha uma cota de um projeto
da Bancop e depois, quando este projeto foi transferido para uma outra empresa,
ele tinha duas opções: pedir o resgate da cota ou usar a cota para a compra de
um imóvel no edifício Solaris. E ele fez a opção – a família fez a opção – pelo
resgate da cota", afirmou Cristiano Zanin Martins, advogado do
ex-presidente.
O promotor José Carlos Blat contesta essa versão. Segundo
ele, na Bancoop, não existem cotas.
"A Bancoop não é um consórcio. A Bancoop, ela
oferecia unidades habitacionais. Todos, sem exceção, compraram apartamentos ou
casas e, ao longo do tempo, pagaram as prestações devidas à Bancoop, que
colocou um sobrepreço indevido, ilegal. Então, todas as pessoas que compraram
da Bancoop compraram coisas concretas, ou seja, unidades habitacionais,
apartamentos e casas. Não existem cotas da Bancoop", declarou.
De acordo com a investigação, a Bancoop não conseguiu
levar adiante 15 empreendimentos e teve uma série de problemas com outros 25.
Nas contas dos promotores, 6 mil cooperados foram prejudicados. Segundo o Ministério Público, o dinheiro que deveria ter
sido aplicado na construção dos imóveis foi desviado para financiar campanhas
eleitorais do PT. O ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto era o presidente
da cooperativa. Ele está preso em Curitiba depois de ter sido condenado no
processo da Operação Lava Jato.