Ministro da Justiça decide deixar o cargo após críticas do PT à PF


Temendo o prosseguimento da Operação Lava Jato, PT quer um ministro que "controle" as ações da Polícia Federal


Alvo de críticas do PT desde o ano passado, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, decidiu que vai deixar o cargo nesta semana, segundo a edição desta segunda-feira do jornal O Estado de S. Paulo. A decisão foi tomada depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixou, no último sábado, de estar sendo perseguido pela Polícia Federal, comandada por Cardozo.

Durante a festa de 36 anos do PT, realizada no dia 27, Lula reclamou que, a partir desta segunda-feira, seu sigilo bancário, telefônico e fiscal poderia ser quebrado e voltou a afirmar que é a pessoa "mais honesta" do Brasil. As informações são da Revista Veja.

No dia seguinte, no domingo, Cardozo disse a interlocutores que o partido não entende o seu papel como ministro quando critica a Polícia Federal. Segundo ele, a corporação tem autonomia para fazer investigações e ele só pode atuar quando há violação de direitos.

Cardozo, no entanto, deve ocupar outro cargo e permanecer no governo. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, ele pode ser deslocado para a Advocacia Geral da União (AGU).

Saída de Cardozo preocupa delegados da PF: 'Vamos preservar a pouca autonomia'

Os delegados da Polícia Federal manifestaram nesta segunda "extrema preocupação" com a possível saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça - que comanda a instituição.

Desde o ano passado, o ministro vem sofrendo pressões do PT por causa das investigações comandadas pela PF, o que tem piorado depois que o ex-presidente Lula entrou para a lista de investigados.

"Os Delegados da Polícia Federal receberam com extrema preocupação a notícia da iminente saída do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em razões de pressões políticas para o controle os trabalhos da Polícia Federal", diz o texto.

A categoria afirmou que vai defender "a independência funcional para a livre condução da investigação criminal" e que adotará "todas as medidas para preservar a autonomia que a Polícia Federal conquistou". Os delegados reiteram que, diante do cenário de "grandes incertezas", é urgente a inserção da autonomia funcional e financeira da PF no texto constitucional".