Moro critica projetos de lei que limitam delação premiada
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos
da Operação Lava Jato, defendeu o entendimento do Supremo Tribunal Federal
(STF) ao autorizar a prisão após a condenação de segunda instância e criticou
os projetos de lei que limitam os acordos de delação premiada.
Moro falou nesta quinta-feira (26) durante a conferência
“Liberdade frente ao Direito Penal na Contemporaneidade”, no XII Simpósio
Nacional de Direito Constitucional em Curitiba.
O magistrado criticou os movimentos contrários ao
entendimento do STF e a posição da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), crítica
à prisão após julgamento de segunda instância.
“Há uma gama de pessoas poderosas que por muito tempo
foram blindadas nas nossas cortes de Justiça. Podemos utilizar todo e qualquer
argumento, mas nada muda essa verdade. Sei que há um projeto de lei apresentado
no Congresso buscando reverter o precedente do Supremo e algumas iniciativas de
ações foram propostas no STF, inclusive pela OAB”.
Para Moro, uma das causas da corrupção sistêmica no
Brasil pode ser a existência de um processo penal disfuncional: rigorosa em
alguns aspectos e muito severa em relação a outros.
“A grande questão é como chegamos a esse ponto, quais são
as causas de termos um quadro de corrupção sistêmica. O que deu errado? É
difícil pensar nisso, mas penso às vezes que parcela da culpa talvez seja do
nosso direito penal. Fico pensando em todos os casos pretéritos que surgiram e
que a Justiça não de uma resposta satisfatória, que não é necessariamente a
condenação, o processo não serve só para isso”, afirmou Moro.