Lula rejeita proposta da Lava Jato para regime semiaberto
"Não troco minha dignidade pela minha liberdade". Com essas palavras o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso desde abril do ano passado, subiu o tom contra a Operação Lava Jato nesta segunda-feira. Diante do pedido do Ministério Público Federal para que passe para o regime semiaberto — podendo ficar livre de dia para trabalhar ou estudar e na cadeia, à noite —, o petista respondeu, em carta lida pelo seu advogado, Cristiano Zanin, que não aceitará "barganhar meus direitos e minha liberdade" para garantir a progressão de sua pena.
Ele ainda reafirmou não reconhecer a "legitimidade" do processo que levou a sua condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá. Para além da mensagem política, o advogado de Lula foi dúbio, e deixou aberta a possibilidade de recorrer do benefício, se concedido: garantiu que não se cogita descumprir qualquer decisão judicial —quem ditará a sentença é a juíza Carolina Lebbos, da Vara de Execuções Penais do Paraná— , no entanto, acrescentou: "Mas o ex-presidente não é obrigado a aceitar nenhuma condição imposta."
Zanin informou ainda que a defesa de Lula ainda não havia
sido formalmente instada a se pronunciar sobre o caso. Ele falou a
jornalistas depois de se reunir com o petista, com quem também estiveram
nesta segunda-feira o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e a presidenta do PT, a deputada Gleisi Hoffmann.
Além
da defesa do ex-presidente, Lebbos deve ouvir a Polícia Federal para se
certificar que o ex-mandatário teve bom comportamento desde que passou a
ocupar uma sala na Superintendência da PF na capital do Paraná. Esse
foi um dos argumentos usados pelo Ministério Público Federal para requisitar um regime mais brando para o cumprimento da pena — fixada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em oito anos, dez meses e 20 dias —, além do direito que um condenado possui após um tempo mínimo cumprindo pena em regime fechado.