Ministros do STF não veem chance para Bolsonaro em ação
A ação apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que a corte seja proibida de instaurar uma investigação sem aval da PGR (Procuradoria-Geral da República) foi classificada nos bastidores do tribunal como despropositada e sem chance de prosperar.
Em conversas reservadas, ministros afirmaram que a medida
expõe a contradição do governo em relação ao tema, uma vez que a AGU
(Advocacia-Geral da União) se posicionou a favor do inquérito das fake news
quando o plenário do tribunal avalizou a apuração, em junho do ano passado.
A avaliação de integrantes da corte é que o próprio chefe do Executivo sabe que será derrotado, mas decidiu protocolar a ação para animar sua militância, que costuma fazer críticas e, às vezes, ataques infundados à atuação do Supremo.
VOTO IMPRESSO E IMPEACHMENT
Após a rejeição da Câmara à proposta do voto impresso, o presidente mudou de estratégia e passou a defender o impeachment dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso como forma de manter seus eleitores ativos na disputa que trava com o STF.
Nesta sexta (20), Bolsonaro formalizou no Senado um pedido de afastamento de Moraes -e disse que apresentará contra Barroso nos próximos dias.
Apesar de a iniciativa do presidente de questionar investigação sem aval do Ministério Público ter pouca chance de prosperar, a análise interna do tribunal é que a medida ajuda a tensionar ainda mais a relação entre os Poderes e dificulta a retomada do diálogo entre o Supremo e o Palácio do Planalto.
Isso porque, como todos os indícios apontam para a baixa probabilidade de sucesso na investida de Bolsonaro, a ação foi interpretada apenas como uma forma de contrapor mais uma vez a corte ao eleitorado bolsonarista.
Matheus Teixeira - Folhapress e Marianna Holanda - Folhapress.
