Deduzir saúde e educação no IR favorece mais ricos, avalia governo federal
Entre os temas avaliados, a equipe econômica citou as deduções em saúde e educação no Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) e concluiu que esses benefícios são apropriados, principalmente, por uma parcela da população de maior renda.
Veja a conclusão sobre as deduções com saúde
"Diferentemente do que ocorre com gastos com instrução, não há limite para dedução de despesas médicas privadas no Imposto de Renda. Isso gera ao governo um gasto tributário significativo, que é apropriado por uma parcela da população de maior renda.
"Considerando o quadro de restrição fiscal e a tendência de ampliação desses gastos nos próximos anos, relatório do Conselho de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas sugere o fim do benefício ou o estabelecimento de um teto de despesas possíveis de dedução, a exemplo do que já ocorre no caso da educação", diz o governo.
Veja a conclusão sobre as deduções em educação:
"A principal justificativa legal para a dedução de gastos privados com educação é a de que isso incentivaria matrículas no setor particular, induzindo à melhoria da qualidade do ensino. Relatório do Conselho de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas indica que o valor do benefício é insuficiente para alterar as escolhas dos beneficiados, que se encontram entre os brasileiros de maior renda, nas regiões mais ricas."
"A avaliação alerta, porém, que a economia com o fim do benefício não necessariamente seria destinada integralmente à educação, e que, na continuidade da política, é possível alterá-la para beneficiar declarantes de imposto de menor renda", avaliou o Ministério do Planejamento.
Reforma do Imposto de Renda
As avaliações, embora feitas nos últimos anos, foram tornadas públicas em meio à proposta de mudanças no Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF), que tem por objetivo ampliar a faixa de isenção dos atuais dois salários mínimos (R$ 3.036 mil) para até R$ 5 mil a partir de 2026.
- Além de ampliar a faixa de isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês, a equipe econômica também propôs uma isenção parcial para valores entre R$ 5 mil e R$ 7 mil por mês.
- Para compensar a perda de arrecadação com a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para rendimentos até R$ 5 mil mensais, o governo pretende taxar os super ricos, ou seja, aqueles com renda mensal superior a R$ 50 mil — o equivalente a R$ 600 mil por ano.
- De acordo com números do IBGE, com base em empregos formais e informais na economia, somente 32% dos trabalhadores brasileiros, justamente aqueles com maior renda no país, seriam beneficiados pela ampliação da faixa de isenção do IR, justamente aqueles que estão entre os mais ricos.
Embora tenham avaliado que as deduções em saúde e educação no IR favorecem as camadas de maior poder aquisitivo, a equipe do Ministério da Fazenda não propôs alterá-las neste momento.
Com informações de G1. Imagem: Idealista
