Congresso Nacional analisa projetos que anulam decreto do IOF


Em meio a tensões entre Executivo e Legislativo, aliados do atual governo articulam para conter o avanço de propostas no Congresso Nacional que visam anular o decreto que aumentou o IOF sobre transações internacionais. A medida, anunciada pelo governo federal para reforçar o caixa diante de bloqueios no orçamento, enfrenta resistência da oposição, que acusa o Planalto de usar o tributo com fins arrecadatórios e sem debate prévio com o Parlamento.

Dois Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) tramitam nas duas Casas do Congresso para sustar os efeitos do decreto presidencial. As propostas foram apresentadas pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, e pelo deputado André Fernandes (PL-CE), na Câmara dos Deputados.

Vale lembrar que a medida elevou a alíquota do IOF de 3,38% para 3,50% sobre transações internacionais com cartões de crédito, débito e pré-pagos. Também aumentou de 1,10% para 3,50% o imposto cobrado sobre aquisição de moeda estrangeira em espécie.

De acordo com o Ministério da Fazenda, a medida visa compensar parte do bloqueio de R$ 12,5 bilhões no orçamento federal, anunciado na mesma ocasião. A pasta informou que o ajuste tributário tem caráter emergencial e busca evitar cortes mais profundos em áreas essenciais.

A possibilidade de anulação do decreto gerou alerta entre articuladores do governo, que temem que a derrubada da medida provoque novo bloqueio de emendas parlamentares. Essas emendas são recursos do Orçamento público destinados por deputados e senadores a seus redutos eleitorais.

“O governo recuou em parte importante do IOF. Se a oposição quiser cancelar toda a medida, precisa indicar de onde tirar os recursos. Senão, vai faltar dinheiro para saúde, educação e programas sociais”, afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ).

Para o senador Rogério Marinho, a medida não respeita a finalidade original do IOF, que é regulatória, e passa a funcionar como instrumento de arrecadação fiscal. Segundo ele, o governo não deu tempo suficiente para o setor produtivo se adaptar à nova cobrança, o que afeta diretamente a previsibilidade econômica.

“O aumento penaliza as empresas brasileiras e compromete a credibilidade da política econômica”, destacou Marinho na justificativa de seu projeto.

Já o deputado André Fernandes afirmou que o aumento do IOF pode reduzir os estímulos à atividade econômica e à geração de empregos. Ele também criticou os impactos sobre o comércio exterior e os custos das transações internacionais para pessoas físicas.

“As novas alíquotas encarecem significativamente as transações financeiras internacionais, afetando empresas exportadoras e cidadãos brasileiros”, escreveu.


Publicado pelo Portal Contábeis