CORRUPÇÃO: Marin escrevia valor da propina em guardanapos de papel

O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, detido na última quarta-feira depois de ser indiciado por corrupção nos Estados Unidos, adotou uma metodologia inusitada para solicitar as suas propinas que chegou a surpreender parceiros comerciais, principalmente aqueles que não conheciam a CBF: para não deixar qualquer rastro do valor que pediria a cada contrato, o dirigente escrevia o quanto queria em sua conta privada sempre em guardanapos de papel.

A estratégia de Marin foi relatada ao Estadão por três diferentes empresários que, desde 2012, foram obrigados a negociar contratos comerciais com a CBF. Era de costume que os guardanapos viajavam de um lado a outro das mesas de negociação, com os valores extraoficiais. Marco Polo del Nero também estava em algumas dessas reuniões.

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Segundo as investigações, em um dos guardanapos usados em uma reunião realizada na Europa, os interlocutores da CBF se surpreenderam quando o valor colocado superava R$ 1 milhão em contratos ligados à seleção brasileira.

E-mails confidenciais obtidos pela reportagem revelam que uma destas transações fora do País - e do controle do Fisco - envolveu uma empresa do Grupo Figer no exterior. Atuando como intermediadores na assinatura do que poderia ter sido um novo contrato com a CBF, os documentos mostram que a família Figer ficaria com US$ 132 milhões por permitir mais de 100 jogos da seleção entre 2012 e 2022, um valor superior ao que ficaria com a CBF. O acordo não foi selado.